[Viver de música #10] ser artista é tentar, tentar e tentar
e o poder da insistência.
Essa newsletter faz parte do Viver de música, projeto criado por pessoas que, contrariando as expectativas, vivem de música há muitos anos e querem compartilhar um pouco desse caminho com outras pessoas que estão tentando.
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Essa é a décima edição da newsletter (palmas e palmas).
Parece pouco perto desse universo de pessoas que estão na sua centésima edição. Mas é muito mais do que zero.
Então hoje eu quero falar um pouco do poder da insistência. E quero falar também sobre o tempo. Não só da passagem dele mas do uso que eu tenho feito de parte do meu.
Semana passada eu fui convidado pelo
pra ser um dos convidados do Clube Passageiro. Um rolê muito legal que ele faz para os seus apoiadores em que bate um papo com pessoas criativas de todas as áreas pra trocar um pouco sobre inspiração, processos e o mistério e magia que é viver de arte nesse mundo pós-capitalista.Como a newsletter do Matheus foi uma das primeiras que eu comecei a seguir aqui nessa rede, e segue sendo uma fonte de inspiração pro que eu tento fazer, fiquei exultante com o convite pra esse papo que vai rolar dia 30 de outubro as 18:00.
Você pode ficar por dentro dos detalhes clicando aqui.
“O que posso dizer é que, sim, será um papo nostálgico, quem tem mais de 30 certamente irá adorar, mas a conversa também será uma grande reflexão em grupo (conto com vocês) sobre os rumos que o “viver de arte” têm tomado; o Pe Lu começou no finado MySpace (!), passou por Fotolog e Orkut, viu plataformas surgirem e sumirem na mesma velocidade, viveu a fama, os julgamentos, o hate e, pra nossa sorte, segue aqui fazendo o que ama; e inspirando outros artistas a fazerem o mesmo.”
Algo nesse trecho escrito pelo Matheus me pegou.
Eu não penso com tanta frequência nas coisas que já vivi profissionalmente. Nunca gostei de me gabar e tenho uma certa dificuldade em receber elogios. Eu não me sinto especial e nunca me senti, e acho que isso foi e segue sendo muito positivo pra que eu continue trabalhando e correndo atras das coisas que eu quero (a autoestima baixa eu cuido na terapia).
Mas dito isso, ano que vem eu completo 20 anos fazendo música (e uns 15 vivendo dela).
Duas décadas dedicadas ao ofício da criação musical são, no meu caso, 1 bilhão de streamings, disco de ouro, disco de platina, 200 e tantas músicas escritas, uma dezena de prêmios, uma centena de shows e 10 newsletter escritas.
Eu já fui compositor, produtor, guitarrista, cantor, dj, e como diz o trecho ali de cima, vivi a fama, os julgamentos e o hate (e passei por mais plataformas digitais do que gostaria de lembrar).
Fiz um vídeo semana passada em que digo que “ser artista é tentar, tentar, tentar”.
São 20 anos tentando. 20 anos fazendo uma mesma coisa não importa o que aconteça ou o que mude no caminho. E olhar pra isso me lembrou do poder absurdo da insistência, da consistência e do longo prazo. De como só é possível construir histórias relevantes com tempo e paciência.
Longe de mim romantizar o trabalho excessivo e o pouco ou quase nenhum incentivo que se da pra criação artística no Brasil. Querer viver de arte, de música, é coisa pra maluco. E bom, se você esta disposto a acordar todo dia, talvez durante toda sua vida, e colocar algum esforço no trabalho criativo, talvez você já esteja à um passo dessa insanidade (e no caminho pra quem sabe conseguir viver da sua arte).
Pra mim funcionou e segue funcionando.

Tenho olhado com mais cuidado para os lugares em que deposito meu tempo.
Sem querer ser repetitivo, mas a gente tem gastado horas demais, vida demais, rolando feeds infinitos das redes sociais (!!!). E isso tem me incomodado.
Não tanto na lógica produtiva de “eu podia estar aumentando minha fortuna ao invés de saber com que roupa X pessoa foi na festa Y”, mas mais numa idéia de que tem coisas mais legais pra se fazer. Muitas coisas. Inclusive coisas produtivas como escrever essa newsletter, por exemplo. Ou jogar Mario Wonder (que é um baita jogo).
Meu ponto é que a vida passa e não da pra escrever 100 newsletters se eu não escrever as dez primeiras. Não da pra ter umas 10 músicas boas se você não escrever umas 200 antes. E investir tempo na possibilidade ou manutenção de viver fazendo aquilo que você ama compensa, eu juro.
Use algumas horas do seu dia. Ou alguns minutos se essa for a sua possibilidade. Mas invista tempo na sua música todo dia que for possível. Sério.
Milhões de streamings, milhares de inscritos, seguidores, no final, importam muito pouco. Eu olho 20 anos pra trás, 10 textos pra trás e me vem um sorriso imediato, não pelo que eu supostamente conquistei, mas pelo fato de eu ter feito e seguir fazendo música, não importa o que aconteça.
Obrigado se você tem participado dessa pequena aventura que é o Viver de música e, caso goste do que estamos construindo por aqui, espalhe a palavra. É grátis!
PS: a partir das próximas edições eu vou ter o prazer de dividir essa newsletter com um dos meus melhores amigos, um dos meus maiores parceiros de composição e também um dos compositores mais legais que eu conheço, o Renato Frei.
Continuem por aqui que estamos só começando.
🌍 Para ouvir, ler e assistir
Meu antigo projeto de música eletrônica, que segue vivo nas mãos do Brian (o maior compositor de música eletrônica desse país). Tem pelo menos uns 3 hits de pista ai que eu me orgulho MUITO de ter feito.
Texto do Puxadinho do Luri, falando um pouco sobre a passagem do tempo e o que temos feito (ou deixado de fazer) com isso.
Um dos achados musicais mais legais dos últimos tempos, uma dupla meio reggaeton, meio pop, meio jazz (?) argentina é o que você precisa pra refrescar um pouco os ouvidos.
Até a próxima.
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Ja ansiosa pelos próximos textos ..e parabéns por não ter desistido e ter entregado tanta coisa boa pra nós 🤩
Animadíssimo para o nosso papo, meu amigo! Parabéns pelos 20 anos de música e pelas 10 primeiras edições da newsletter!