[Viver de música #2] Taylor Swfit vs. Scooter Braun
e o que você precisa entender disso como artista.
Dia desses assisti ao documentário da Max “Taylor Swift vs. Scooter Braun - Bad Blood”, que explica e detalha a briga entre os dois gigantes da música pelo catálogo de gravações da Taylor. O programa reúne entrevistas com jornalistas, fãs da cantora e especialistas de mercado para tentar entender a perspectiva de cada um dos envolvidos nessa confusão.
Antes de começarmos, é importante que eu diga que esse não é um texto de fã ou hater de ninguém, e menos ainda uma visão emocional sobre a história. Até porque, se você é artista e decidiu comprar um lado dessa narrativa, isso mostra que você não entendeu muita coisa do que aconteceu do ponto de vista de negócios, que na minha visão, é o mais importante.
Essa é minha tentativa de te explicar (e evitar que você passe por isso).
Vamos lá.
OBRA E FONOGRAMA
Essas são duas definições que devem estar sempre frescas na sua cabeça se você quer Viver de música.
Obra é a junção de letra e melodia, ou só melodia no caso de música instrumental. Os detentores dos direitos de uma obra são os compositores dela. Eles são também quem ganha com os rendimentos dessa obra e, em geral, tem o poder de liberar ou barrar que essa música seja tocada ou regravada por alguém.
Uma mesma obra pode ter diversas gravações ou, como chamamos, fonogramas.
Fonograma é a gravação de uma obra. Toda nova gravação de uma obra, seja ela em estúdio, ao vivo, etc, gera um novo fonograma. Os detentores dos direitos do fonograma são normalmente as pessoas que investiram financeiramente ou com trabalho naquela gravação. Essas pessoas podem ser o artista que interpreta ela ou não. É comum que gravadoras ou investidores desejem ser os donos de um fonograma em troca do dinheiro que estão investindo em um artista.
Agora voltemos a Tay Tay e SB.
No início da sua carreira, Taylor Swift assinou um contrato com a BIG MACHINE RECORDS para que eles investissem nela, bancassem a gravação de seis discos e o marketing desses trabalhos, em troca de serem donos dessas gravações (fonogramas). A cantora teria um percentual do lucro desses fonogramas, mas a proprietária e, portanto, detentora do direito de decidir o que fazer com eles no futuro, inclusive uma possível venda, seria a Big Machine.
E aqui um ponto importante: esse é o padrão de mercado em qualquer contratação de uma grande gravadora, seja você a Taylor Swift ou qualquer outro artista. A grande maioria dos artistas não é dono das suas gravações, especialmente no começo.
A Big Machine poderia vender essas gravações quando bem entendesse, independente de como Taylor se sentiria em relação a isso, e assim o fez. Por outro lado, a cantora, como compositora dessas músicas, poderia regravá-las também quando bem entendesse, e assim também o fez.
Colocando de lado algumas questões éticas que podem ser debatidas nesse caso específico, e brigas pessoais que não vem ao caso, ambas as partes exerceram seus próprios direitos. É isso, fim da história.
Mas o que sobra pra gente disso?
Ser dono das suas gravações a longo prazo é sempre o melhor negócio para qualquer artista, mas algo bastante incomum para a maioria de nós, a menos que você tenha dinheiro para financiar a sua carreira sozinho.
Sempre que você permite que outras pessoas sejam donas das suas gravações é importante entender o que vem em troca disso. Seja dinheiro ou trabalho, os seus fonogramas são potenciais fontes financeiras e devem ser negociadas como tal.
Compreender todos os termos dos contratos que você assina e dos negócios que fecha é essencial para sua carreira a longo prazo. Não adianta fechar qualquer negócio no começo e depois se lamentar la na frente ou culpar o outro por ter feito uma negociação melhor que a sua.
Pode ser difícil imaginar no começo que as suas músicas vão gerar algum dinheiro relevante, mas a longo prazo esse é o caminho natural das coisas. Os negócios que você fecha agora, no início, sendo um artista desconhecido e com pouco ou nenhum dinheiro, podem afetar o seu futuro de artista.
Se você gostou desse texto chegou a hora de compartilhar ele por ai e quem sabe arrumar algumas brigas com os fãs fervorosos da Tay Tay.
🌍 Para ouvir, ler e assistir
Speak Now é o meu disco favorito da Tay Tay. Composições de quem sabe MUITO o que ta fazendo.
Esse artigo sobre algumas ferramentas do Spotify para artistas tem bastante coisa boa pra aprender. Ta em inglês mas nada que um google tradutor não resolva.
Taylor Swift vs. Scooter Braun - Bad Blood, é o documentário que eu cito no texto. Bem meia boca mas vale a pena assistir com a visão que você tem agora.
Até a próxima.
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Não tenho ligação com o mundo da música. Assinei a newsletter com a intenção de aprender coisas novas (um dos grandes atrativos do Substack pra mim!) e as expectativas estão sendo atendidas 🙂
Todo pequeno artista deveria ler isto.